terça-feira, 22 de julho de 2025

Marcelinho Machado, o maior ídolo do FlaBasquete na história


Marcelo Magalhães Machado

O craque da Camisa 4 rubro-negra deixou as quadras de basquete ao fim da Temporada 2017/2018. "MarceZico" quando parou, acabou um capítulo em especial na história do basquete do Clube de Regatas do Flamengo. Foram muitos jogos, títulos, cestas, conquistas e alegrias. Impossível relacionar tudo. Cada torcedor tem o seu momento mais feliz e seria até injusto marcar alguns definitivamente. Como um apanhado resumido da história, títulos números e dados importantes sobre a passagem mais do que vitoriosa de Marcelinho pelo "Mais Querido do Brasil".


1) Antes e Depois de Marcelinho Machado

O basquete sempre foi forte no Flamengo. No período "Antes de Marcelinho" já era o mais vitorioso do Rio de Janeiro, com 34 títulos, mas ainda carecia de um título nacional para se consagrar no Brasil. Antes de Marcelinho, o único troféu internacional havia sido o Campeonato Sul-Americano de Clubes de 1953, quando o Flamengo dividiu a taça com Olimpia (Paraguai) e Santa Fé (Argentina). Marcelinho chegou à Gávea em 2007 e tudo mudou! Desde que ele assumiu o número 4 do "Manto Sagrado", o Flamengo levantou nada menos do que 20 títulos em todos os possíveis. Ganhou tudo, absolutamente tudo. Marcelinho foi, com certeza, um divisor de águas na história da bola laranja do Flamengo!

Confira a lista de títulos conquistados por Marcelinho no Flamengo:

Campeonato Estadual – 2007, 2008, 2009, 2010, 2011, 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017 (11 títulos)
Campeonato Brasileiro da CBB – 2008 (1 título)
Novo Basquete Brasil (NBB) – 2008/2009, 2012/2013, 2013/2014, 2014/2015 e 2016/2017 (5 títulos)
Liga Sul-Americana de 2009
Liga das Américas de 2014
Mundial de Clubes de 2014




2) Família do basquetebol

Marcelinho Machado é filho de Renê Machado, jogador histórico do Fluminense, com quem foi Penta-Campeão Carioca consecutivamente no início dos Anos 1970. Seu pai nunca jogou pelo Flamengo, mas o seu tio sim, o irmão de Renê era o pivô Sérgio Macarrão, que também se destacou nesta equipe do Fluminense e que chegou a servir à Seleção Brasileira, tendo vestido a camisa rubro-negra no fim dos Anos 1970.

Além do pai e do tio, quando chegou ao Flamengo em 2007 encontrou já no clube o seu irmão mais novo, Duda Machado, que a seu lado venceu os principais títulos obtidos pelo basquete rubro-negro naqueles anos. E a sua dinastia seguiu no clube, com seu filho jogando e sendo formado na divisão de base do basquete da Gávea, onde treinava na quadra batizada com o nome do ícone e ídolo rubro-negro: "Quadra Marcelinho Machado".

Na infância, praticava judô, natação, futebol e basquete. Quando era aluno do Colégio Santo Inácio, integrava as seleções da série e, pela altura, era um dos principais zagueiros do time de futebol. No basquete, começou aos 10 anos, quando assistia a um treino do seu irmão mais velho, no Flamengo. Naquele dia, o técnico Peixoto avisou que o clube teria uma categoria mais nova e perguntou se o menino tinha interesse. Posteriormente, como o seu pai era diretor do Fluminense, se transferiu para o clube das Laranjeiras aos 14 anos, para poder ser mais bem supervisionado. Ficou no Flu até se tornar profissional e, a partir daí, começou a sua saga. Depois dos primeiros anos profissionais pelo Fluminense, passou pelo time do Tijuca Tênis Clube, pelo Ginástico, de Belo Horizonte, e então chegou ao Botafogo no final dos Anos 1990, onde começou a obter números mais expressivos e se destacar, rendendo-lhe as primeiras convocações para a Seleção Brasileira. De General Severiano seguiu para o basquete europeu, jogou no Rimini Crabs, da Itália, no Cantabria Lobos, da Espanha, e no Zalgiris Kaunas, da Lituânia. Em meio a isto, uma passagem pelo Brasil em 2004, quando conquistou pela primeira vez um título nacional, com a camisa azul e branca do Telemar/Rio de Janeiro, clube-empresa financiado pela companhia de telefonia. Até ter em 2007 aportado de volta na Gávea para defender profissionalmente a camisa do Flamengo, quando já estava com 33 anos.


3) O primeiro de muitos títulos em vermelho e preto

Marcelinho tem cinco títulos do NBB e mais um Campeonato Brasileiro, totalizando 6 títulos nacionais. O primeiro é um clássico do "nunca esquece". Em 2008, o Flamengo foi líder absoluto do começo ao fim da competição. Na fase de classificação, 19 vitórias e apenas 3 derrotas. Das quartas de final em diante, o Mais Querido resolveu todas as séries de cinco em três jogos, com três vitórias. A decisão foi contra o Universo/BRB/Converse, de Brasília, e Marcelinho brilhou demais, tendo sido o cestinha nos três jogos, com 40 pontos e um incrível aproveitamento de 20 acertos em 20 arremessos de lance livre na terceira partida. No último jogo, o placar marcava 90 a 86 para o Mengão quando a bola parou na mão dele. Preparou, olhou, mandou e abriu 7 pontos, praticamente matando a decisão. Finalmente Marcelinho Machado realizava o seu sonho de ser campeão nacional pelo Flamengo, mas ainda estava longe de terminar sua brilhante passagem pelo clube. E nem poderia imaginar o que viria na sequência.


4) Depois do Brasil, a América do Sul

Desde 1953 o Flamengo não levantava um título continental. E o jejum acabou em 2009, graças a um time aplicado, raçudo e que contava com um craque em estado de graça. Marcelinho foi o MVP da competição e na partida decisiva, contra o Quimsa, da Argentina, guardou nada menos do que 41 pontos. Acertou de todos os lugares e foi o grande responsável pela vitória por 98 a 96 em plena Santiago Del Estero que valeu a taça inédita para o clube, Campeão da Liga Sul-Americana. Título histórico que também mostrou o seu lado de liderança.


5) A camisa 4

Mozer, Juan, Leonardo, Gamarra, Ronaldo Angelim.... A camisa 4 sempre vestiu nomes importantes na história do Flamengo no futebol. Não foi diferente com Marcelinho no basquete. Um número que sempre significou garra, raça e coração rubro-negro e que vestiu muito bem ao "Capitão do FlaBasquete". E ele a vestiu por acaso. Ele vestia a camisa 8, mas uma vez chegou na Seleção Brasileira ainda jovem e foi informado que já havia um camisa 8, então pegou a camisa 4, e nunca mais a largou. Gostou tanto que pediu para mudar no clube em que jogava também. E foi assim que a escreveu na história do basquete o seu nome com este número nas costas.

Com a Seleção Brasileira, o ala jogou 5 Mundiais com a camisa verde e amarela, sendo um dos dois únicos jogadores a alcançarem este feito até então. Em 2014, entrou para a história do basquete como o jogador que mais vezes participou de um Campeonato Mundial, chegando a 5 participações no torneio - 1998/2002/2006/2010/2014 - igualando-se ao portorriquenho Jerome Mincy (o recordista anterior), presente nas edições entre 1986 e 2002.

Com a Seleção Brasileira, foi destaque nsas três Medalhas de Ouro no inédito Tri-campeonato dos Jogos Pan-Americanos conquistados em 1999 em Winnipeg, em 2003 em Santo Domingo, e em 2007 no Rio de Janeiro. Da Copa América foi duas vezes Medalha de Ouro, Bi-Campeão em 2005 em Santo Domingo e em 2009 em San Juan, e foi duas vezes Medalha de Prata, ambas as vezes na Argentina, em 2001 em Neuquén e em 2011 em Mar Del Plata. Do Campeonato Sul-Americano, foi Campeão em 1999 jogando na Argentina, em Bahia Blanca, e voltou a conquistar o título em 2003 em Montevidéu. A única participação em Olimpíadas foi em 2012, e terminou com um 5º lugar, com a equipe que era treinada pelo argentino Ruben Magnano.

Individualmente, foram muitos prêmios: MVP da FIBA AmeriCup de 2005 (Copa América), MVP da Final da Liga das Américas em 2014 (FIBA Americas League Grand Finals), MVP da Liga Sul-Americana de 2009, 2 vezes MVP do NBB (nas edições de 2008/2009 e 2009/2010), escolhido como "Melhor Sexto Jogador do NBB" em 2016, e 2× campeão do torneio de 3 pontos do Jogo das Estrelas do NBB, em 2014 e 2015.



6) Senhor NBB

São cinco títulos no NBB. Cinco: 2008/2009, 2012/2013, 2013/2014, 2014/2015 e 2016/2017. Ter o Flamengo se tornado o maior campeão do Novo Basquete Brasil em sua largada deve-se muito a Marcelinho. Apenas na temporada 2012/2013 ele não teve participação decisiva em quadra, afastado por uma grave lesão, mas foi essencial fora, com a liderança e sua influência no time. Nas outras, ele foi "O Cara". Na primeira edição do NBB, o primeiro título, e o craque teve os seus melhores números: marcou 1.047 pontos, com aproveitamento de 54.3%, o melhor em toda sua carreira na competição, pegou 243 rebotes, seu recorde pessoal, deu 131 assistências, também a sua melhor marca, teve 43% de aproveitamento nos chutes de três, também o seu recorde, como também teve seu melhores números em lances livres (86.7%) e bolas roubadas (79).

No NBB, Marcelo Magalhães Machado disputou as 10 primeiras edições do torneio, todas com a camisa do Flamengo. No total foram 314 partidas disputadas, pouco mais de 9.232 minutos dentro de quadra, 5.709 pontos convertidos em 12.023 tentados, um aproveitamento de 47,5%. A evolução deste aproveitamento temporada a temporada: 54,3% em 2008/09 em 39 jogos, 49,6% em 38 jogos, 50,0% em 35 partidas, 45,9% em 32 partidas, 40,0% em 1 jogo, quando sofreu grave lesão no joelho, 44,4% em 36 jogos, 44,1% em 35 partidas, 43,8% em 39 partidas, 40,4% em 28 jogos, e 44,9% em 31 jogos. Uma regularidade impressionante, ainda mais considerando se tratar de um jogador já veterano. Neste período, os aproveitamentos de 2 pontos, desconsiderando a temporada lesionado, foram: 57,2%, 52,7%, 54,1%, 49,8%, 45,8%, 44,3%, 42,3%, 45,4% e 53,7%. Já o da linha de 3 pontos, também desconsiderando a temporada lesionado, foi: 43,0%, 42,3%, 39,8%, 35,9%, 37,6%, 39,8%, 40,3%, 32,6% e 36,6%. Na linha de lances-livres, o aproveitamento médio total nestas 10 temporadas foi de 85,1%.



7) Senhor do Mundo

O apelido MarceZico não é à toa. Zico comandou uma geração que levou o Flamengo a conquistar o Mundo no futebol, contra o Liverpool, em 1981. Marcelinho foi o líder do time que conquistou o planeta em 2014, ao vencer o Maccabi Tel-Aviv, de Israel, então Campeão da EuroLiga, no Rio de Janeiro, levando o pavilhão rubro-negro ao topo. Um jogo histórico, um momento único uma partida que jamais será esquecida. Aquele que certamente foi o maior time da história do basquete rubro-negro.



8) Senhor Clássicos

Marcelinho brilhava nos jogos importantes. Não foram poucas as vezes que ele foi essencial num jogo mais apertado, numa decisão, num clássico. Contra o Vasco, ele sempre reservou uma energia extra. No seu último NBB, na Arena Carioca 1, na Barra da Tijuca, Marcelinho doutrinou: foram 22 pontos, 6 rebotes e 4 assistências. O jogo estava apertado, o Vasco pressionava e queria o resultado diante de uma arena com torcida única. O veterano Marcelinho então foi para a quadra, jogou 29 minutos e decidiu a partida, saiu ovacionado pela Nação presente na Arena.


9) Um recorde inatingível

Sessenta e três pontos. Recorde absoluto do NBB. Ninguém fez mais pontos que Marcelinho num jogo. A marca foi atingida contra o São José, em 07 de março de 2010, na Arena da Barra. Além de recordista de títulos, Marcelinho é o maior pontuador em um único jogo de NBB. O "Senhor NBB".




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