Como o clube foi do Mais Endividado para o Mais Rico do Brasil? Não é difícil explicas as origens dos recursos do Flamengo.
Só há um caminho para reverter um quadro de endividamento crescente e descontrole na capacidade de se honrar compromissos: o fluxo de caixa tem que ser sustentado positivamente! E só há uma forma para levar esta possibilidade de reversão adiante: com planejamento.
Diferenças na alocação de capital podem produzir enormes transformações de resultado: o Flamengo fez a transição de instituição mais endividada do Brasil à mais rica do futebol do país. E fez esta trajetória criando receitas novas através de inovação, transparência e reconquista de credibilidade.
O caminho de recuperação foi o de conquista de credibilidade. A melhoria da Gestão Financeira se sustentou na queda contínua do endividamento, que caiu mais de R$ 450 milhões em 5 anos. E credibilidade exige transparência: o processo se iniciou com a auditoria da dívida e transcorreu com a publicação trimestral de resultados. Concluído o ajuste, houve um novo crescimento de dívida, em 2019, para a recuperação da capacidade de investimentos do clube.
A dívida era de quase 4 vezes a receita anual e passou a ser de 0,4 vez. A contínua redução de exposição a risco foi o pilar do caminho de recuperação. Quando houve um novo crescimento de dívida, em 2019, para a recuperação da capacidade de investimentos, ele aconteceu alinhado à geração de novas receitas: a razão entre a dívida e a receita anual se manteve estável.
Enquanto a dívida caiu mais de R$ 450 milhões, o total de empréstimos bancários subiu R$ 77 milhões. Não se tratou, portanto, de uma troca de dívida pública por dívida privada, como os críticos alardeavam. Tanto que houve uma queda de R$ 137 milhões no total de empréstimos adquiridos. Os compromissos estavam sendo honrados. E só havia uma forma disto estar ocorrendo: estavam sendo criadas novas receitas.
Enquanto os empréstimos bancários cresceram R$ 77 milhões, aqueles de curto prazo, com vencimento inferior a 1 ano, representaram R$ 47 milhões (61%) nesta variação. Se a geração de receitas novas não se sustentasse no tempo, o efeito no fluxo de caixa teria sido catastrófico! Mas as receitas novas foram continuamente geradas: houve uma redução de R$ 78 milhões na segunda fase do ciclo, deixando o patamar final inferior à realidade inicial.
Durante o período de ajuste, somente houve aumento dos empréstimos de longo prazo, com vencimento superior a 1 ano, no primeiro ano. Depois, porém, quedas contínuas levaram o total de empréstimos de longo prazo a zero. Os endividamentos estavam sendo continuamente amortizados. Com a capacidade de investimentos recuperada e lastreada por receitas novas – com a razão entre a dívida e a receita anual estabilizada – pôde-se voltar a se tomar empréstimos sem a mesma exposição a risco.
O meio da transformação foi a existência de um fluxo de caixa sustentado positivamente de forma contínua ao longo do tempo!
Para sustentar um fluxo de caixa positivo de forma contínua, houve crescimentos subsequentes de receita!
O crescimento de receita, quando houve, foi ínfimo fora do futebol. Logo, o óbvio: os crescimentos subsequentes de receita estavam acontecendo no futebol.
Foi o futebol quem sustentou o fluxo de caixa continuamente positivo. Logo, era onde estavam sendo criadas as novas receitas.
As novas receitas foram criadas com maior profissionalismo: focou em análise do valor de sua marca, em técnicas de marketing e melhorou sua forma de negociação. Assim, mais do que duplicou sua capacidade de captar recursos. O limite de crescimento no quesito "recursos com patrocínio" parece já ter sido atingido, com pouca margem de expansão via novas receitas neste quesito.
Também houve novas receitas que já se dariam, independente da reestruturação endógena do clube. É o caso dos recursos de TV.
Ainda assim, é fundamental saber que a transformação não se deu pelos recursos da TV. A significativa redução do percentual de receita de TV no total arrecadado pelo clube é a prova disso. A meta, desde o princípio, era que a TV representasse no máximo um terço (33%) da receita total. Houve a transformação almejada, mas esta meta ainda não foi alcançada.
Em bilheteria foi onde houve as maiores críticas sofridas ao processo de reestruturação: a elitização do futebol, com o aumento do preço do ingresso. Mas foi parte fundamental da metamorfose vívida etre 2013 e 2019. Esta nova receita se deu pela melhor precificação do valor do espetáculo: com a maximização das receitas dos jogos como mandante, quebrando o paradigma da inelasticidade do preço dos ingressos no futebol.
A grande inovação geradora de receita foi através dos benefícios oferecidos através do Programa de Sócios-Torcedores, que geraram uma receita inteiramente nova. Uma nova receita que manteve um ritmo de crescimento relativamente constante desde sua criação: aproximadamente mais R$ 15 milhões a cada dois anos.
O mais importante não é a quantidade de Sócios-torcedores, mas o valor arrecadado com eles. De nada serve um monte de STs contribuindo com um ticket médio baixo. Programa de ST não é medição de tamanho de torcida, como entendem alguns, é capacidade de auto-financiamento!
O Coração da Transformação na geração de Novas Receitas: o financiamento via recursos de seu próprio torcedor!
A origem do dinheiro novo: (1) na Primeira Fase (até 2015) o carro-chefe que deu empuxe foi o auto-financiamento com sua própria torcida; (2) numa segunda fase (de 2016 a 2019) colheu-se o fruto investido nas divisões de base, passando a se encontrar financiamento novo na venda de jogadores. Mas sem que a própria torcida deixasse de ter papel muito importante!
Se alguém procurar por uma fórmula mágica responsável pela revolução que viveu o Flamengo, não encontrará. E é exatamente esta a beleza a ser desflorada. Toda a transformação pela qual passou, deu-se pura e simplesmente por qualidade de gestão. A fórmula utilizada foi tão só a de explorar a força do que sempre esteve lá: a dimensão desproporcional que tem sua torcida frente aos seus concorrentes.
Veja aqui: A Transparência Rubro-Negra
E veja os detalhes da história: O Diário da Revolução
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